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Milton Santos

Milton Almeida dos Santos (1926 – 2001)

Nascido em Brotas de Macaúbas, no interior da Bahia, em 03 de maio de 1926, esse brasileiro ganho o mundo por razões alheias a sua vontade. Porém, soube manter seus olhos nos arranjos sociais contemporâneos para construir uma teoria original que serve à interpretação do mundo que parte da geografia, do território, envolvendo os habitantes dos lugares.

Embora tivesse concluído o curso de Direito em 1948, Milton Santos ministrava aulas de Geografia no ensino médio na Bahia. Daí seu interesse pela disciplina que o lançou ao mundo das ideias e da reflexão política.

Em 1958 obteve seu título de doutor em Geografia, na Universidade de Strasbourg (França), passando a ensinar na Universidade Católica de Salvador e, depois, na Universidade Federal da Bahia, na década de 1960. Sua habilidade com as palavras e seu texto vigoroso rendeu-lhe a participação em jornais, como A Tarde, em Salvador na década de 1960 e, na de 1990, na Folha de S.Paulo, em São Paulo.

Homem de ação política aceitou o convite para participar de governos no início da década de 1960 que culminou com sua prisão em 1964, por ocasião do golpe de estado implementado pelos militares ao Brasil. Foram 03 meses difíceis. Ao sair da prisão carregava consigo uma decisão: era preciso partir. O geógrafo ganhava o mundo.

O começo de sua carreira internacional forçada ocorreu na França, onde trabalhou em diversas universidades, como as de Toulouse (1964-1967), de Bourdeaux (1967-19680) e de Paris (1968-1971). Durante esses anos realizou estudos sobre a geografia urbana dos países pobres e produziu vários livros como Dix essais sur les villes des pays-sous-dévelopés (1970), Lês Villes du Tiers Monde (1971) e L’espace partagé (1975), traduzido como O espaço dividido: os dois circuitos da economia urbana, em 1978. Este último marca a expressão de uma de suas idéias originais: a existência de dois circuitos da economia. O primeiro constituído pelas empresas, pelos bancos e firmas de seguros, ao qual chamava de rico. O segundo expressado pela economia informal, por meio do comércio ambulante e dos demais circuitos pobres da economia.

Da França partiu para vários países, vivendo de maneira itinerante e como professor convidado. Atuou em centros universitários, da América do Norte (Canadá, University of Toronto -1972-1973); Estados Unidos (Cambridge, Massachusetts Institute of Technology – 1971-1972, e Nova York, Columbia University– 1976-1977), da América Latina (Peru, Universidad Politécnica de Lima – 1973; Venezuela, Universidad Central de Caracas – 1975-1976) e da África (Tanzânia, University of Dar-es-Salaam – 1974-1976).

Seu retorno ao Brasil decorreu de um acontecimento especial ao geógrafo baiano: a gravidez de sua segunda esposa, Marie Hélene Santos. Milton queria que seu segundo filho, Rafael dos Santos, nascesse baiano, como seu primogênito, o economista Milton Santos Filho, que faleceu poucos anos antes que o pai.

Em 1978 estava de volta à vida universitária brasileira. Mas trazia na bagagem uma obra que marcou, sobretudo os geógrafos marxistas do país: “Por uma Geografia Nova”, que foi traduzida para vários idiomas em diversos países. Neste trabalho, Milton Santos preconiza uma geografia voltada para as questões sociais.

Entre 1978 e 1982 trabalhou como professor visitante na Faculdade de Arquitetura da Universidade de São Paulo – USP. Atuou também como professor na Universidade Federal do Rio de Janeiro –UFRJ, onde permaneceu até 1983. Em 1983 ingressa em uma nova instituição de ensino e pesquisa: O Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, onde organizou congressos, ministrou aulas na graduação e na pós-graduação, pesquisou, produziu livros e formou alunos.

A produção intensa desenvolvida no Departamento de Geografia da USP resultou na indicação para receber o prêmio Vautrin Lud, que é considerado o Prêmio Nobel no âmbito da Geografia. Em 1994 Milton Santos foi o primeiro intelectual de um país pobre e o primeiro que não tinha o inglês como língua pátria, agraciado com tal distinção.O prêmio internacional promoveu um redescobrimento de Milton Santos no Brasil. Passou a ser requisitado por órgãos de imprensa para entrevistas e depoimentos. Mas mantinha seu senso crítico a isso, afirmando que “um intelectual não pode falar todos os dias. É preciso tempo para amadurecer as idéias“.

Depois de 1994 sua vida foi marcada pelo reconhecimento de sua produção como geógrafo e intelectual crítico. Recebeu entre outras premiações, o de Mérito Tecnológico (Sindicato de Engenheiros do Estado de São Paulo, em 1995), Personalidade do Ano (Instituto de Arquitetos do Brasil, Departamento do rio de Janeiro, em 1997), 11ª. Medalha Chico Mendes de Resistência (Grupo Tortura Nunca Mais, em 1999), O Brasileiro do Século (Isto é, 1999), Multicultural 2000 Estadão (O estado de S.Paulo, em 2000). Fora do país, recebeu, entre outros prêmios, a Medalha de Mérito (Universidad de La Habana – Cuba, em 1994) e o prêmio UNESCO, categoria Ciência (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, em 2000).

Ampliou também sua série de honrarias universitárias como os títulos de Doutor Honoris Causa em Universidades como a Université de Toulouse (1980), Universidad de Buenos Aires (1992), Universidad Complutense de Madrid (1994), Universidade de Barcelona (1996), entre tantas outras, incluindo mais de uma dezena no Brasil, onde ainda recebeu o título de Professor Emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, em 1997.

Após o diagnóstico de um câncer em 1994, ao contrário de esmorecer, intensificou o seu trabalho de intelectual, para perplexidade dos que o acompanhavam de perto, até a data de seu falecimento em 24 de junho de 2001.

Disponível em: http://miltonsantos.wordpress.com/biografia-de-milton-santos/

 

 

OBRAS DE MILTON SANTOS (livros):

 

Trabalhos Disponíveis de/sobre Milton Santos na Internet

BIOGRAFIAS:

http://miltonsantos.com.br/site/


ESCRITOS DO AUTOR:

Por uma outra globalização (Milton Santos)

A Revolução Tecnológica, a experiência da escassez e os limites da globalização atual (Prof . Dr.Milton Santos)

Por um modelo brasileiro de modernidade (Milton Santos)

 

ENTREVISTAS:

Entrevista Milton Santos

Entrevista com Milton Santos

Entrevista com Milton Santos: "O sonho obriga o homem a pensar" (Maurício Silva Junior)

Entrevista Roda Viva com Milton Santos (30/03/1997)

Encontro com Milton Santos

Entrevista com o professor Milton Santos (Marina Amaral, Sérgio Pinto deAlmeida, Leo Gilson Ribeiro, Georges Bourdoukan, Roberto Freire, João Noro,Sérgio de Souza)

"Milton Santos: a geografia, o Brasil, a França, o mundo” - José Borzacchiello da Silva entrevista Milton Santos (Prof. Dr. José Borzacchiello da Silva)

Entrevista com Milton Santos: Pensamento de Combate (Cláudio Cordovil)

 

ARTIGOS E ENSAIOS:

Milton Santos: por uma outra globalização - a de todos (Délio Mendes)

Milton Santos: a construção da Geografia Cidadã (Denise Elias)

Objeto de estudo Geográfico em Milton Santos: em busca da sistematização da vida (Samuel Silveira) 

A capacidade de representar-se no mundo contemporâneo e a ideia de construção da humanidade: utopias crepitantes no pensamento de Milton Santos (Iralenes Araujo)

Milton Santos e o sequestro da globalização (Fábio de Castro)

Milton Santos, o pensador do Brasil (Maria de Lourdes Trindade)

Diálogos entre Milton Santos e Celso Furtado: uma aproximação de pensadores do Brasil (Eduardo Marcusso)

Arranjo fictício do acervo do profº Dr. Milton Santos (Ana Cristina Moura Santos, Joseane Oliveira Da Cruz e Safira Loyde Rodrigues Barbosa) 

Espaço, território e saúde: contribuições de MiltonSantos para o tema da geografia da saúde no Brasil (Rivaldo Mauro de Faria e Arlêude Bortolozzi)

"Visita a uma revolução”: uma análise dos escritos de Milton Santos sobre a revolução cubana (1960) (Bruno de Oliveira Moreira)